MAYARA PAIXÃO
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Talvez um dos únicos elementos que una um país hoje amplamente polarizado, a seleção argentina de futebol viu os louros da conquista da Copa América se mesclarem a um episódio racista.
O canto ofensivo entoado pelo meia Enzo Fernández, que depois pediu desculpas, abalou a imagem da seleção no exterior, levou à abertura de uma investigação pela Fifa (Federação Internacional de Futebol) e gerou bate-cabeça no governo do presidente Javier Milei.
Primeiro do governo que comentou o tema em público, o agora ex-subsecretário de Esportes Julio Garro foi demitido após afirmar que o capitão Lionel Messi deveria vir à público pedir desculpas por sua equipe. Apenas Enzo Fernández, hoje no Chelsea, manifestou-se.
Garro acabou demitido. Ao anunciar a decisão, a Casa Rosada afirmou que “nenhum governo pode dizer à seleção argentina campeã do mundo e bicampeã nas Américas o que comentar, pensar ou fazer”.
É um discurso que eleva à máxima potência a agenda de liberdades individuais pregada por Milei, mas, pelo que demonstra sua gestão, também abre espaço para manifestações racistas. Outro membro que saiu em defesa foi sua vice, a conservadora Victoria Villarruel.
No X, em referência não nominal à França, ela disse que “nenhum país colonialista vai nos colocar medo por uma canção de estádio nem por dizer verdades que não querem admitir; basta de fingir indignação, hipócritas”. E seguiu: “Enzo, estou contigo”.